Prof. Dr. Márcio José Mendonça
Drones estão transformando o campo de
batalha e mudando as características do conflito moderno, tanto em aspecto
físico quanto em sentido psicológico, ao despertar novos sentidos aos combatentes
e desenvolver novos meios para atingir alvos e alcançar objetivos militares. A
introdução dos drones no campo de batalha, além de permitir a projeção de poder
aéreo a longos distâncias, com menor custo econômico e maior segurança aos
operadores, também despertou o medo da população civil e de combatentes, diante
de novas ameaças, que sorrateiramente, são capazes de se aproximar e atacar sem
serem detectadas.
Em ambiente de combate, drones são
aeronaves difíceis de serem detectadas por sistemas de defesa antiaéreos e o
medo que espalharam no campo de batalha é tão grande que muitos soldados
preferem fugir a pé, abandonando os seus blindados e veículos diante da ameaça
de drones. O perigo que passaram a representar chegou inclusive a influenciar
muitos analistas militares que, de forma precipitada, profetizaram o fim da era
dos blindados em conflitos militares, por causa da presença dos drones. Os
drones são difíceis de serem combatidos porque são relativamente pequenos e
exigem diferentes meios de defesa aérea para sua interceptação. Muitos drones
possuem a capacidade de voar próximos ao solo, o que dificulta e, até mesmo,
impossibilita a sua identificação por muitos sistemas de defesa antiaérea, não
adaptados para derrubá-los.
Na Guerra da
Ucrânia, ataques combinados de enxames de drones estão sendo empregados, em
grande número, por causa do seu baixo custo e capacidades de cooperação mútua com
tropas em solo e outros equipamentos. Embora, em alguma medida, os drones possam ser
interceptados por sistemas de defesa aérea ou por dispositivos que são capazes
de “roubar” o sinal de controle de drones inimigos, por ainda muito tempo, eles
representaram uma grande ameaça no campo de batalha e novas tipologias de
drones e equipamentos dronificados estão aparecendo, como barcos, lanchas e
pequenos submarinos guiados com carga explosiva. E vale dizer, que entre as
novas ameaças, ainda há os drones terrestres, que inicialmente apresentavam a
capacidade de detectar explosivos instalados no terreno e que agora, são
utilizados para semear minas terrestres no campo de batalha. Além disso, é
claro, há ainda os drones em miniatura, dispositivos cada vez menores, com
poucos centímetros de diâmetro, que são praticamente impossíveis de serem neutralizados
por sistemas de defesa antiaérea e extremamente letais em campo de batalha,
contra soldados em solo descoberto, a ação de drones que literalmente caçam
combatentes no terreno.
Operando em diferentes altitudes e ambientes os drones estão a transformar o campo de batalha, tornando-o muito mais complexo e, assim, estão também, a atuar como ferramentas de propaganda. Diferente do que foi, por exemplo, a invasão do Iraque, em 2003, a cobertura hoje do campo de batalha, com imagens de alta resolução 24 horas por dia do terreno, é algo que os generais não tinham até pouco tempo. É verdade que o uso de imagens de satélites e aviões de espionagem já se faziam presentes, há muito tempo, mas com os drones, o teatro de operações do campo de batalha está se tornando um verdadeiro reality show do campo de batalha, uma espécie de programa do tipo Big Brother, em que podemos acompanhar as movimentações minuto a minuto do cenário de guerra e temos uma consciência situacional do teatro de operações como nunca antes visto.
Soldado russo dialoga com drone e se rende às tropas
ucranianas. Observe que o combatente cruza as mãos clamando por misericórdia, enquanto
estabelece contato visual com a aeronave.
Fonte:
Portal Política, no Youtube, 27 de junho de 2023.
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