Prof. Dr. Márcio José Mendonça
Ontem, dia 6 de maio, Israel concedeu aval
ao último estágio do genocídio palestino e operações de invasão a cidade de Rafah,
ao sul da Faixa de Gaza, iniciaram-se, hoje, e estão em curso nesse momento. Após
o Hamas realizar uma importante concessão e aceitar o cessar-fogo imposto por
Israel, Benjamin Netanyahu autorizou o ataque ao último refúgio palestino na
estreita faixa de terra daquele território, pelo Sul, nos limites com a
fronteira egípcia. Hoje, dia 7 de maio, militares israelenses assumiram o
controle do lado de Gaza da passagem de Rafah, pela única passagem entre Gaza e
o Egito, um ponto de entrada crucial para a ajuda humanitária ao enclave
palestino sitiado.
Rafah é uma das maiores cidades da Faixa
de Gaza e por causa do conflito centenas de milhares de palestinos se
refugiaram na cidade e em suas imediações, na tentativa de fugir dos ataques e
combates mais intensos, que se concentram mais ao norte. Embora a região
concentre a maior parte da população palestina, desde o início da guerra, com
presença significativa de crianças e mulheres, Netanyahu, primeiro-ministro
israelense justifica a invasão com o propósito de libertar os reféns israelenses
sequestrados desde o dia 7 de outubro e com a finalidade última de eliminar o
Hamas da região.
Entretanto, o real objetivo de Israel, nem
sempre dito pela mídia hegemônica, consiste, na verdade, na destruição daquilo
que ainda resta de infraestrutura urbana, na Faixa de Gaza, ao colocar em
prática a etapa final do plano urbicida. O "urbicídio palestino" caracteriza-se dessa forma
pela completa destruição de toda e qualquer estrutura urbana que ampara a
sociedade palestina, com o propósito de forçar o deslocamento da população daquela região, em mais uma onda de refugiados para os países
vizinhos, em particular o Egito. Em outras palavras, o urbicídio colocado em
marcha por Israel, é um método de guerra urbana, empregado contra a população
civil com o objetivo de inviabilizar a existência palestina na Faixa de Gaza,
ao destruir a infraestrutura física e qualquer possibilidade dos palestinos
habitarem o território.
Nesse sentido, na medida em que a fome
aumenta e os conflitos se intensificam na região, sobretudo nas proximidades ao
muro que separa Gaza do Egito, Israel provavelmente pretende abrir a fronteira
pela passagem de Rafah ou, talvez, até mesmo, derrubar o muro, provavelmente acusando
o Hamas do feito, permitindo, melhor dizendo, forçando os palestinos a cruzar a
fronteira em direção ao Sinai, no Egito. As intenções de Israel no prolongamento do conflito,
assim atendem, portanto, a dois objetivos:
· Completar o plano urbicida em Gaza e inviabilizar o retorno de palestinos para suas casas, ao tornar o território inabitável;· Tornar as fronteiras entre o Egito e a Faixa de Gaza suficientemente porosas ou abertas para impor uma fuga mássica de refugiados.
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