Prof. Dr. Márcio José Mendonça
O urbicídio consiste no uso da violência política como meio de atacar e destruir de forma deliberada o ambiente urbano, em que se apoia a vida de um grupo ou população definida como inimigo. Na guerra da Bósnia, nos anos 1990, ao conflito na Ucrânia ou na Palestina, o urbicídio tem sido empregado para negar o espaço urbano enquanto ambiente de existência coletiva e ao destruir a estrutura urbana que ampara a vida de um determinado agrupamento, que ali habita, age no sentido de criar homogeneidades territoriais e espaços profundamente segregados por meio do uso de força militar.
No Rio de Janeiro, embora o urbicídio seja
menos intenso e não implique na destruição completa da cidade ou da estrutura
urbana, o método da violência política por meios militares do urbicídio, também
é empregado de forma sistemática com o elemento adicional de interagir e
participar da construção/produção do espaço urbano, portanto, uma forma híbrida
de urbicídio. Assim, o urbicídio funciona como uma dinâmica de espoliação/despossessão,
que atua de
forma predatória destruindo os comuns urbanos em nossa época, pela luta do
monopólio da renda urbana, ou seja, uma forma de monopólio da renda de caráter
urbicida, que assume, nesse caso, uma roupagem de atividade econômica, porém
ilegal e destrutiva com a participação de grupos armados como traficantes de
drogas, grupos milicianos e a participação das forças de repressão do Estado.
A esse mecanismo que age pela operacionalização
da atividade urbicida, de cunho exploratório e espoliativo, gerando economias
políticas predatórias, que organizam um nicho de mercadorias e serviços urbanos
ilegais, denomina-se de “urbanização do urbicídio”, ou seja, uma forma de
espoliação/despossessão do espaço urbano, que se dá mediante ao uso de
violência física e simbólica, inerente à prática de apropriação do espaço
urbano e de seus recursos, com grupos armados, os mais diversos, apropriando de
uma série de atividades, vinculadas à construção civil e oferta de
infraestrutura e serviços na cidade. Para mais detalhes sobre o tema, aplicado
ao caso do Rio de Janeiro, consulte o artigo abaixo: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/novos-olhares-sociais/article/view/4738
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