Prof. Dr. Márcio José Mendonça
Nas últimas semanas, após realizar ataques
seletivos de assassinatos dentro do Líbano, que incorreram na morte Saleh Al
Aruri, subchefe do Hamas, e de Wissam Tawil, comandante das forças Radwan do
Hezbollah, Israel tem direcionado suas ações e concentrado equipamentos e
tropas no norte do país, na fronteira com o Líbano e está a ameaçar os
libaneses de ataques destrutivos contra Beirute e uma possível incursão dentro
do território libanês, dando início, assim, a um novo cenário de guerra contra seus vizinhos, em âmbito regional.
Todavia, o Hezbollah, representa um
desafio muito maior para as tropas de Israel, do que o Hamas, em Gaza. No
Líbano, Israel não rodeia o território como o faz na Faixa de Gaza, e muito
menos controla a sua costa. Daí o Hamas e outros grupos palestinos não se beneficiarem,
como o Hezbollah, do uso de fronteiras porosas com a Síria ou o controle dos
portos marítimos e aeroportos a partir dos quais pode contrabandear armas do
Irã.
Além disso, o Hamas não controla um Estado
de governo soberano, tal como o Hezbollah, é influente na estrutura e administração
estatal do Líbano. O Líbano embora um país pequeno, é muito maior do que a
Faixa de Gaza ou a Cisjordânia, e Israel, também, não possui penetração muito
melhor no Líbano do que em Gaza ou na Cisjordânia. Em Gaza, apesar das
dificuldades de lutar em ambiente urbano densamente povoado, o território é
plano e facilmente acessível a partir de Israel, mas no sul do Líbano, ao
contrário, o terreno é montanhoso e acidentado, com inúmeros vales, o que de
todo modo atrasa e dificulta o deslocamento de equipamentos e veículos por estradas
e rodovias que podem facilmente se transformar em pontos de emboscadas.
O Hezbollah hoje está mais preparado militarmente do que em 2006, quando foi capaz de resistir aos avanços de Israel no sul do país e impor uma derrota política ao seu adversário, e, como antes, continua entrincheirado nas colinas do sul do país e possui muitas bases e túneis operacionais naquela região, que como todos já sabem, são um problema para Israel. Vale lembrar ainda, que dessa vez, além do combate terrestre contra tropas do Hezbollah, Israel enfrentará ataques de mísseis em suas principais cidades e na capital, Tel Aviv, de uma forma, que ainda não tiveram que lidar. Embora Israel esteja a ameaçar o Hezbollah diariamente, uma aventura militar dentro do território libanês, seria um desafio muito maior do que a Faixa de Gaza e o Hamas, jamais foram.
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